sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Pro sábado chegar




Se você me perguntar,
Em quem devo pensar.
Te direi que não controlo,
Faço o que puder,
Tento não parar no tempo e no ar,
Deixo o dia passar,
Mesmo que vá demorar,
Me impressione sexta-feira,
Me faça respirar,
Preciso daquele alimento,
Transmitido pelo olhar.
Se eu tivesse um equipamento,
Para no espaço voltar,
Voltaria sete dias,
Para a ansiedade passar.
Se meu remédio não é físico,
É só te reencontrar,
Por que estamos longe,
Se quero tanto te tomar?
E por que a vida é doce,
E não posso te provar?
E se você tem privilégios,
Digo isso pra cheirar,
O perfume ficou preso,
E você tem o meu colar.

Mas não vou estender muito,
É que preciso pesquisar,
Uma receita ou um segredo,
Pra saber o momento exato,
Pra saber o que falar,
Qual poema recitar,
Faço o tempo sumir, pro sábado chegar.

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Escreva sobre nós.



Numa mão levava um livro,
Noutra um pedaço de papel.
Ventava e fazia frio,
Não importava quão devesse andar,
Persistia em encontrar.
O rapaz em seu caminho,
Já não dava pra enxergar,
E seu dedo no espinho,
Não queria mais sangrar.
Deixou o papel no chão e desapareceu a me encontrar...

Numa mão levava um livro,
A outra pairava no ar,
Ele estava imaginando,
Como seria voar,
Procurando a estrela,
Tentando te achar.
O café tinha esfriado,
E o mapa tinha suado.
Parece que são tão iguais,
Mas alguma parte irá mudar.
Tropeçou no papel jogado ao chão,
Como um peixe fora do mar.
Segurou forte com a mão,
Já ouvia sua voz no coração,
Queria estar ali, a sós.
Com o bilhete que dizia: Escreva sobre nós.

domingo, 23 de março de 2014

Naufrágio

Eu resisto ao claro tanto quanto resisto a você.
Claro que entendo tudo disso.
Claro que sei que coloquei um muro,
Mas penso melhor no escuro.
Sei que é preciso nadar,
Os desejos ainda são frágeis e simbolizam outros navios,
Outros lugares mais frios.
Não posso parar, vou encerrar,
Antes de me naufragar.

Vomitei

Essa ânsia que guardei, esse desespero de um só.
Tão pisado pelo tempo, disponível todos os dias.
Tira tudo isso, pode cessar.
Pode calar, to de volta.
Já te usei.
Já sinto sumir, ó quem vai ler, vai voltar. Quer mais o que?
E se eu prometer voltar você fica? Então não volto, te irritei.

Pode ir, já vomitei.